Nos últimos dias, um vídeo gravado por um vereador Franklin Schmalz de Dourados resultado de audiência pública, justamente para debater assédio moral e violência contra profissionais da saúde, escancarou o que a população já sente nas ruas: a gestão municipal afundou em um vazio de comando, tornando-se mera figurante em sua própria cidade. As imagens são um retrato cru da falta de coordenação e liderança, onde funções administrativas básicas são empurradas para secretários que atuam sem rumo, sem planejamento e, o mais grave, sem qualquer cobrança efetiva do prefeito.
Enquanto problemas crônicos se acumulam, a prioridade do chefão do Executivo parece se resumir a likes, vídeos de TikTok e discursos ensaiados para as redes sociais. Marçal Filho, o prefeito que vendeu a imagem de gestor eficiente, revela-se cada vez mais como um influencer institucional, distante da dura realidade da administração pública.
O Vácuo de Poder e os Jogos de Interesse
Este vácuo de liderança, no entanto, não ficou vazio. Ele foi ocupado. E a forma como isso aconteceu agrava ainda mais a crise. Enquanto o prefeito se ausenta da sua função primordial de comando, a vereadora Isa Marcondes passa a usurpar partes destas funções executivas, atuando não como uma parlamentar que fiscaliza, mas como uma sombra do poder, uma “chefe paralela” sem mandato para sê-lo.
O problema não é a participação política, mas a forma como ela se dá: sem qualquer controle emocional ou respeito à hierarquia institucional. Relatos dão conta de que a vereadora assedia moral e verbalmente os servidores, principalmente os da área da saúde, que já se encontram sob pressão máxima. Esse ambiente de desmandos e intromissão desmedida cria um cenário de jogo combinado perigoso: o prefeito se exime de suas obrigações, e sua aliada política age com truculência, impondo suas vontades de forma irregular sobre uma estrutura que já está à deriva.
Gestão Não Se Faz com Marketing, Muito Menos com Assédio
A cidade, portanto, sofre uma dupla agressão. De um lado, um prefeito focado na curtição virtual, que delega tudo e cobra nada. De outro, uma parlamentar que explora o vazio deixado por ele para comandar através do grito e da intimidação, criando um clima de terror entre os servidores.
Não se trata mais de uma simples crítica à falta de gestão, mas da denúncia de um desgoverno institucionalizado. Enquanto faltam respostas para a saúde, a infraestrutura e a segurança, sobram sorrisos nas redes sociais, de um lado, e assédio e descontrole emocional, de outro.
Dourados merece mais do que um prefeito de palco digital. E precisa, urgentemente, ser salva de jogos de poder e desmandos que só aprofundam o caos. A cidade precisa de um gestor de verdade — alguém que enfrente os problemas de frente, e não apenas de frente para a câmera, e que retome as rédeas da administração, pondo fim ao circo que se instalou no lugar do comando.









