MC Anarandá transforma dores em força e lança primeiro álbum em setembro

MC Anarandá transforma dores em força e lança primeiro álbum em setembro

Natural da Aldeia Guapoy, em Amambai, a cerca de 100 km de Dourados, a cantora, atriz, professora e ativista MC Anarandá, 28 anos, está prestes a lançar o seu primeiro álbum autoral. O trabalho estará disponível em todas as plataformas digitais no dia 23 de setembro, data escolhida por simbolizar a chegada da primavera, o florescimento e a renovação.

Anarandá, que em Guarani significa “mulher forte, brilhante e comunicadora”, traz em suas letras um conteúdo de resistência, denúncia social, empoderamento feminino e valorização da ancestralidade dos povos Guarani Kaiowá e Terena.

“Eu me descobri no rap quando percebi que essa linguagem podia ser uma ferramenta de resistência e denúncia. Sempre gostei de cantar, sempre gostei de escrever em Guarani, rimar. O português para mim foi um pouco desafiador porque eu aprendi aos meus 14 para 15 anos. Logo comecei a rimar também em português e entendi que minha voz poderia ecoar não só minhas dores, mas também a força do meu povo.”

O nome artístico também carrega simbolismo e conexão com sua identidade. “Anarandá vem do meu nome indígena, que em Guarani significa mulher flor brilhante, carismática e comunicadora. É um jeito de dizer que a arte pode iluminar caminhos. Colocar MC na frente é afirmar que dentro do hip hop, sem deixar de lado as minhas raízes, posso ocupar qualquer lugar.”

Para a artista, o rap é uma forma de ampliar a luta indígena. “A importância de levar a voz do povo Guarani Kaiowá para o rap é mostrar que nós, povos originários, também estamos na cidade e também usamos microfone, também temos direito de ocupar espaço. O rap sempre foi uma ferramenta de resistência para os povos negros e periféricos, e eu trago ele para somar com a luta do meu povo para dizer que estamos vivos, presentes e fortes.”

O processo criativo do álbum nasceu da vivência nas aldeias e das memórias coletivas. “A minha maior inspiração foi o meu próprio povo, meus ancestrais, as mulheres que lutam, que resistem. Começou com ideias, anotações, rodas de conversas. Depois veio a produção junto com parceiros que acreditam no meu trabalho. Cada faixa nasceu de uma vivência e de uma memória.”

O lançamento em 23 de setembro não foi por acaso. “Eu escolhi essa data porque a primavera simboliza o renascimento, o florescimento, vida nova. Lançar nesse dia é como plantar uma semente de esperança para que essa música floresça no coração de quem ouvir.”

Além da música, Anarandá também atua como professora de língua materna, escritora, atriz e digital influencer. Para ela, todas essas linguagens dialogam com o rap. “Quando ensino Guarani, estou fortalecendo a nossa língua. Como atriz, aprendi a me expressar com corpo e voz, o que me ajudou muito no palco. Como escritora, transformo sentimento em palavras. Tudo se mistura no meu rap.”

Seu trabalho é um reflexo do diálogo entre a tradição indígena e a batida urbana. “O meu rap é um diálogo. De um lado é a batida urbana, do outro os cantos tradicionais, a espiritualidade e a resistência do povo Guarani Kaiowá. Eu trago para a música a luta contra a violência, o preconceito, a perda de território, mas também trago a beleza, a força e a espiritualidade do nosso modo de viver.”

O álbum promete emoção e reflexão. “Quero que as pessoas sintam a verdade, que percebam a dor, mas também a alegria, a resistência e a esperança do meu povo. Quero ser inspiração para os jovens do território, para as crianças. Que quem ouvir se emocione, reflita e se una à nossa luta.”

Anarandá também deixa uma mensagem para os jovens indígenas que sonham em seguir na arte. “Eu digo que não tenham medo de se expressar e arriscar. Nossa cultura é viva, nossa arte é necessária. Cada voz conta, e cada batida pode ser um grito de resistência.”

O álbum de estreia da MC Anarandá estará disponível no Spotify, Apple Music, Deezer, YouTube Music, Amazon Music, Tidal e Anghami, com acesso direto pelo link disponível em seu perfil no Instagram @anarandagk21.

Essa matéria usou como fonte uma matéria do site Dourados News

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