“Lar Legal, mas poder ilegítimo? O caso que expõe o jogo político em Dourados”

A Regularização Fundiária e os Bastidores Políticos em Dourados
A recente entrega de 250 títulos de regularização fundiária no bairro Santa Felicidade, em Dourados, é inegavelmente um marco positivo para as famílias beneficiadas. A iniciativa, parte do Programa Lar Legal, representa a concretização de um direito fundamental à moradia e a segurança jurídica de centenas de cidadãos que, por anos, viveram na incerteza da posse de seus lares. A participação de autoridades como a vereadora Liandra da Saúde, o prefeito Marçal Filho e outras figuras políticas reforça a importância do evento e o engajamento institucional em uma pauta tão relevante.

A vereadora Liandra da Saúde, ao destacar a “conquista e dignidade” que cada título representa e a valorização de 50% dos imóveis após a regularização, sublinha o impacto multifacetado dessa política pública. De fato, a formalização da propriedade não apenas confere tranquilidade às famílias, mas também as integra mais plenamente ao mercado formal, possibilitando acesso a crédito e o fortalecimento da economia familiar. É um passo crucial para a redução das desigualdades e para a construção de uma cidade mais justa e organizada.

O Lado Oculto da Exposição Política
Contudo, a celebração de tal feito, embora merecida, não pode ofuscar questionamentos sobre a dinâmica política que a cerca. A intensa participação e exposição de diversos vereadores ao lado do prefeito Marçal Filho em eventos como este, embora compreensível pela natureza das parcerias, levanta indagações sobre os critérios de inclusão e exclusão nesse cenário.

A notável ausência e, suposta, exclusão da vereadora Isa Marcondes em tais eventos, como sugerido pela assessoria, adiciona uma camada de complexidade e especulação a essa narrativa. Se, por um lado, a regularização fundiária é uma pauta de interesse público que deveria transcender as disputas partidárias e as questões pessoais, por outro, a política real muitas vezes opera com base em alianças e percepções.

A menção de “Não querem colocar coisas sérias com vereadora dona de Puteiro?” introduz um elemento altamente controverso e delicado. Se essa é a razão, ou uma das razões, para a alegada exclusão da vereadora Isa Marcondes, isso implicaria em uma moralização ou prejulgamento por parte dos demais atores políticos. Embora a vida pessoal de um representante público possa ser alvo de escrutínio, a exclusão de ações que beneficiam diretamente a população, baseada em preconceitos ou em julgamentos morais, seria um comportamento questionável por parte dos demais envolvidos.

É fundamental que as políticas públicas sejam conduzidas com transparência e foco no bem-estar da população, independentemente das relações interpessoais ou da imagem de indivíduos. A regularização fundiária é uma pauta séria demais para ser instrumentalizada por rivalidades políticas ou por preconceitos morais. A exclusão de um membro do poder legislativo de eventos públicos relevantes, sem justificativa clara e baseada em alegações de cunho pessoal ou moral, levanta preocupações sobre a integridade do processo político e a verdadeira motivação por trás da participação em tais eventos.

Em Dourados, enquanto as famílias do Santa Felicidade celebram uma vitória histórica, os bastidores da política local parecem continuar a jogar um jogo complexo, onde a dignidade prometida aos cidadãos deveria ser espelhada na conduta e nos critérios de inclusão de seus representantes.

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