A Ferrari F8 Spider apreendida chamou atenção entre os bens recolhidos na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal com apoio da Controladoria-Geral da União. A ação, realizada em 9/10, investiga supostas fraudes milionárias em aposentadorias e pensões do INSS e resultou na apreensão de uma frota de veículos de luxo e diversos bens de alto valor.
Detalhes da Ferrari F8 Spider apreendida
A Ferrari F8 Spider localizada nas diligências é um superesportivo conversível avaliado em mais de R$ 4 milhões. O modelo compartilha o conjunto mecânico da F8 Tributo e possui motor V8 biturbo de 3,9 litros, com 720 cavalos a 8.000 rpm e 770 Nm de torque. Segundo especificações técnicas conhecidas, a F8 Spider acelera de 0 a 100 km/h em 2,9 segundos, atinge 200 km/h em 8,2 segundos e tem velocidade máxima de aproximadamente 340 km/h. O carro pesa cerca de 1.400 kg e tem teto rígido retrátil que abre em 14 segundos, mesmo em movimento a até 45 km/h. No interior, destaca-se o acabamento artesanal e a tela sensível ao toque de 8,5 polegadas voltada ao passageiro, além de sistemas eletrônicos de desempenho como o Side Slip Angle Control e o Ferrari Dynamic Enhancer.
Operação Sem Desconto e apreensões
A operação visou o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade ligada a José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico. Durante as diligências, os investigadores apreenderam 27 veículos de luxo, entre eles um Porsche, um Mini Cooper, Jeeps, uma Ducati — frequentemente chamada de “Ferrari das motos” — um Volvo e a Ferrari F8 Spider. Também foram recolhidos R$ 135,8 mil em espécie, 30 relógios de grife avaliados em até R$ 100 mil, uma arma de fogo, munições e dezenas de eletrônicos, incluindo notebooks e celulares. A Polícia Federal não detalhou, até o momento, a quem pertenciam os bens apreendidos.
Lista resumida de itens apreendidos
- 27 veículos de luxo (incluindo a Ferrari F8 Spider)
- R$ 135,8 mil em espécie
- 30 relógios de grife (até R$ 100 mil cada)
- Uma arma de fogo e munições
- Diversos notebooks e celulares
Investigação: rastro do dinheiro
Segundo as apurações mencionadas nos autos, o Sindnapi teria arrecadado cerca de R$ 259 milhões entre 2019 e 2024 por meio de mensalidades associativas descontadas diretamente das aposentadorias — muitas delas, supostamente, sem autorização dos beneficiários. A PF e a CGU investigam a inserção de dados falsos em sistemas oficiais, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, com suspeita de que parte dos valores desviados tenha sido convertida em bens de luxo, como os veículos e relojoaria encontrados.
O elo com Frei Chico
Documentos da CGU encaminhados à CPMI do INSS apontam que o Sindnapi omitiu ao INSS a presença de Frei Chico na diretoria ao assinar, em 2023, um acordo de cooperação com o órgão. Pela legislação vigente, entidades da sociedade civil não podem firmar parcerias com o governo se tiverem dirigentes que sejam parentes diretos de agentes públicos, como o presidente da República. Em trecho do documento da CGU constava: “Ao omitir o vínculo de parentesco direto entre um de seus dirigentes e o presidente da República, o sindicato criou um ambiente de aparente regularidade que induziu os órgãos públicos a erro”. Na época da assinatura, Frei Chico ocupava o cargo de diretor nacional de Representação dos Aposentados Anistiados; atualmente figura como vice-presidente do Sindnapi.
Posicionamento do Sindnapi
Em nota, o Sindnapi afirmou ter recebido com surpresa o cumprimento dos mandados e negou irregularidades. A entidade afirmou que reitera seu repúdio a quaisquer alegações de prática de delitos e que provará a lisura de sua atuação em defesa dos associados. As investigações seguem, com diligências e análises periciais em andamento para esclarecer a origem e a titularidade dos bens apreendidos, inclusive da Ferrari F8 Spider apreendida durante a operação.
O desdobramento das apurações poderá resultar em pedidos de bloqueio de bens, indiciamentos e ações judiciais específicas conforme o avanço das provas. Até que haja manifestação judicial definitiva, as diligências seguem amparadas por mandados e pela coordenação entre a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União.
Este é um caso em evolução e novas informações poderão ser confirmadas pelas autoridades responsáveis à medida que as investigações avançarem.









