Em sessão realizada nesta terça-feira (7), a Câmara Municipal de Campo Grande aprovou uma moção de apoio à concessão de anistia aos manifestantes presos após os eventos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. A moção, que expressa solidariedade a uma das principais bandeiras da base conservadora no país, teve 17 votos favoráveis e sete contrários.
Entre os votos contrários, chamou atenção o posicionamento do vereador Marquinhos Trad (PDT), que se alinhou à bancada do PT na Casa e rejeitou a moção. A atitude evidencia a sintonia do ex-prefeito de Campo Grande com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual o PDT é base aliada.
Além de Trad, votaram contra a anistia os vereadores Flávio Cabo Almi do PSDB e filho de ex-petista, e toda a bancada do PT representada por Jean Ferreira, Landmark, e Luiza Ribeiro. A surpresa se deu nos votos contrários de Beto Avelar e Delei Pinheiro que até então não têm vínculos diretos com movimentos de esquerda e não deram mais justificativas pelo voto.
Já entre os 17 vereadores que aprovaram a moção, estão nomes da base da prefeita Adriane Lopes (PP), como Rafael Tavares (PP), André Salineiro (PL), Ana Portela (PL), Maicon Nogueira (PP), Professor Riverton (PP), entre outros. A moção foi apresentada como um gesto simbólico de repúdio ao que consideram excesso nas punições impostas pelo STF aos envolvidos nos atos, e uma forma de defender o devido processo legal e os princípios constitucionais.
Entre os 17 vereadores que aprovaram a moção, estão:
• Carlão (PSB)
• Clodoilson Pires (Podemos)
• Victor Rocha (PSDB)
• Herculano Borges (Republicanos)
• Leinha (Avante)
• Maicon Nogueira (PP)
• Neto Santos (Republicanos)
• Professor Juari (PSDB)
• Professor Riverton (PP)
• Ronilço Guerreiro (Podemos)
• Veterinário Francisco (União Brasil)
• Fábio Rocha (União Brasil)
• Wilson Lands (Patriota)
• Otávio Trad (PSD)
• André Salineiro (PL)
• Ana Portela (PL)
Posicionamento Político Claro
Marquinhos Trad, que tem se colocado como figura de oposição à prefeita Adriane Lopes, reforça com esse voto sua aproximação com a esquerda e setores progressistas. A atual gestora da Capital, por sua vez, tem enfrentado sucessivos ataques públicos de grupos ligados a ativistas LGBTs, religiões de matriz africana e organizações políticas de esquerda, incluindo recentes manifestações com indícios de envolvimento do crime organizado, conforme noticiado pelo site Política Voz.
O gesto de Trad ocorre em um momento em que a pauta da anistia ganha força nacionalmente, com manifestações lideradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), governadores e parlamentares de direita, e apoio declarado da prefeita Adriane Lopes, que em publicação recente afirmou: “Não defendo a impunidade, mas sou contrária à dosimetria das penas. Que prevaleçam a Constituição, a liberdade e, acima de tudo, a democracia. Anistia já – sem jamais defender a impunidade. Justiça, sim; perseguição política, não!”
Ao votar contra a moção, Trad se distancia do eleitorado conservador e sinaliza, mais uma vez, sua tentativa de reconstruir pontes com a esquerda — movimento que, até o momento, não tem se traduzido em apoio popular expressivo, especialmente diante da crescente rejeição ao governo federal em Mato Grosso do Sul.
A decisão do vereador expõe o atual cenário político da Capital: de um lado, uma prefeita conservadora que ganha respaldo popular e institucional; do outro, um ex-prefeito que se alinha a um campo ideológico rejeitado por boa parte do eleitorado sul-mato-grossense.
