Mariana Rocha
Os corpos de um bebê e de uma menina de 11 anos foram furtados do Cemitério São Vicente de Paula, na cidade de Ponta Porã, no sábado. O caso repercutiu na imprensa de Mato Grosso do Sul e não demorou muito até que comentários intolerantes fossem proferidos.
Na rede social Instagram, o veículo de imprensa Dourados News noticiou o fato e o perfil oficial de uma doceria famosa da cidade de Dourados fez comentários considerados intolerantes e ofensivos às religiões e religiosos de matriz africana.
Nos comentários da publicação, uma mulher fez o seguinte comentário: “Deve ser os macumbeiros pra fazer algum trabalho de destruição”. Logo em seguida, o perfil oficial da cafeteria e doceria de Dourados , com cerca de 33,4 mil seguidores, respondeu ao comentário da mulher com a seguinte fala: “Sim, e ainda comem a carne.” A empresa deletou o comentário, no entanto foram feitos “prints” que comprovam a ofensa.

Protocolo na Polícia Federal
Na tarde desta terça-feira, 21 de maio, representantes de pelo menos cinco templos religiosos de Matriz Africana de Dourados estiveram na Polícia Federal para protocolar uma Notitia criminis, ou seja, para o direito penal, é o ponto de partida para a atuação das autoridades policiais e judiciais na investigação de um delito.

Um trecho da peça jurídica protocolada na Polícia Federal afirma que os comentários feitos através do perfil oficial do estabelecimento geram impacto negativo na sociedade, confira:
(…) A presença de comentários discriminatórios em um perfil oficial de uma empresa com muitos seguidores amplia a visibilidade das ofensas, multiplicando o impacto negativo e a humilhação pública dos praticantes das religiões afro-brasileiras e de matriz africana. Além disso, a associação dessas práticas religiosas com crimes bárbaros incita o ódio e a discriminação, gerando um ambiente de hostilidade e intolerância.(…)